segunda-feira, 23 de maio de 2011

«Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não!»



Meus queridos,

Venho por este meio quebrar um voto de silêncio que se prolongava enquanto assistia impávida e serena ao soçobrar da sanidade mental portuguesa.

«Porquê?» perguntam-me vocês, meus queridos, e eu respondo-vos: porque nunca se viu tal esquizofrenia assolar uma sociedade inteira! Ou apenas meia-sociedade, vá. Seremos somente meio-radicais em vez de radicais e meio...

O que aconteceu à populaça revolta que berrava impropérios contra um governo decadente? Num espaço de poucos meses, essa populaça emudeceu, talvez cedendo ao mesmo voto de silêncio que eu vinha perpetuando, sentada no sofá, enquanto o gato Matias aprendia a assaltar o frigorífico e roubava as refeições que as senhoras da Santa Casa da Misericórdia me trazem todos os dias. Até aí, tudo bem, pois, de súbito, aconteceu aquilo por que todos gritavam e ficaram todos a pensar «E agora?»

O governo caiu, conseguimos que os incompetentes cedessem à sua própria incompetência. E agora? Como é que vamos meter o país de pé, que o bicho está gordo e pesado?

Ora, eu fiquei calada, para que quem tivesse ideias se fizesse ouvir.

Todavia, em vez da chegada de um D. Sebastião, continuámos com os mesmos de sempre e, que eu saiba, não apareceu nenhum messias que nos guiasse na direcção do Quinto Império tão apregoado pelo nosso Nandinho do café Nicola. E agora?

Agora, estão todos confusos, esquecidos do que os trouxe até aqui. Há ainda quem pondere voltar a meter ao volante os mesmos que espatifaram o carro! Eles deviam ter ficado sem carta! Quem é que os deixou levantarem-se e dizer «Não se preocupem, isto é só uma amolgadela, se nos deixarem pegar novamente no carro, resolvemos tudo com fibra de vidro e o país fica como novo»? O senhor Sócrates devia estar nos Alcoolicos Anónimos e se o deixarmos pegar no volante outra vez, bem podemos telefonar para a socateira mais próxima!

Estou revoltada. Verdadeiramente revoltada! E Grito!

VOTA, POVO DE PORTUGAL! VOTA À DIREITA, VOTA À ESQUERDA, VOTA NO MEIO, VOTA PELA FRENTE OU POR TRÁS! MAS NÃO SEJAM CRETINOS AO PONTO DE FAZER COM QUE O PAÍS FIQUE NAS MESMAS MÃOS!

O senhor Sócrates já teve seis anos para provar competências e incompetências. Mesmo que não apareça nenhum nadador-salvador, dêem a vez a outro, porque este já mostrou que não sabe nadar e ainda nos arrasta com ele para o fundo do mar. E podem ter a certeza de que aí nem o Moby Dick nem a Júlia Pinheiro nos podem salvar.

Sinceramente,

Antonieta de Jesus Cristo-Rei no Céu e na Terra Aleluia Piriquita!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Morta e Engaiolada!


Depois deste incidente com os ladrões em Northampton, o meu filho Zé decidiu que estava na hora de trazer a mãezinha de volta para casa, antes que se metesse mais em sarilhos e acabasse magoada.

Sinceramente, para mim, trazerem-me de volta para Portugal porque não estou segura na Grã-Bretanha é uma enorme piada de mau gosto!

Ora, a primeira notícia que vejo na televisão quando regresso ao meu velho sofá (nem foram capazes de lhe limpar o pó, na minha ausência! Falta de consigre... consigra... uma falta de consigração por quem lhes limpou o rabo quando eram crianças! Uma falta de consigração por quem lhes batia no rabo quando diziam algum palavrão! Eu é que fiz desta família pessoas adultas e de respeito!...)

Onde é que eu ia?

Ah, sim. O sofá...

Sentei-me no sofá, em cima do gato Matias (tive que lhe dar uma bengalada quando me ferrou as unhas no rabo), liguei o televisor, e qual é o meu espanto quando descubro que deixaram uma senhora de idade, em tudo como eu, falecer e apodrecer na sua própria casa durante 9 anos!

Estou chocada! Verdadeiramente chocada! Eu estive na Tailândia e nunca vi tal coisa acontecer! Aliás! Melhor do que isso é o que lá fazem aos drogados! Quando os apanham, nunca mais saiem da cadeia, os desgraçados!

Faleceu a senhora, o cão ao pé do frigorífico e os piriquitos engaiolados, tal como a dona! O primo que a ia visitar todas as semanas foi à polícia, onde lhe diziam que não podiam fazer nada sem ordens do tribunal. Foi 13 vezes ao tribunal e tudo o que conseguiu foi que se rissem na sua cara. Foi preciso o governo, aquela cambada de esfomeados, querer vender a casa para cobrar as dívidas da senhora, que só não as pagou porque estava morta, para que alguém arrombasse a porta e se deparasse com aquele pesadelo.

Se o primo invadisse a casa sem consentimento das autoridades, ia preso. Até o podiam culpar da morte da senhora... Os próprios vizinhos apostavam que a mulher lá estava morta. Toda a gente o sabia. Os que queriam fazer alguma coisa não podiam e os outros não queriam e prontos!...

Enfim, meus queridos... Agora, que estou de volta, e encontro a minha neta casada com a fuf... Oh, Meu Deus! Perdoa-as... Casada com a fufa Diana! Ai, Meu Deus... Elas não fazem por mal. Não sabem as ofensas que Lhe fazem, Ó Senhor...

Bem, encontrei a minha querida Olívia assim e já tive uma conversa séria com ela e com o meu advogado. Ela tem a chave da minha casa e está autorizadíssima a abrir a minha casa sempre que pensar que eu estou morta e padecida! Tenho-vos a vós, meus queridos, como testemunhas das minhas palavras. Além disso, escondi ainda outra chave, caso a moça perca a chave que eu lhe dei (é muito aluado, aquele trambolho tonto que me está sempre a ajudar), nas traseiras do meu quintal, por baixo daquela raíz do pessegueiro com a forma de uma morsa de barriga para cima! Não digam a ninguém! Só ela é que sabe!

Sinceramente,

Antonieta de Jesus Cristo-Rei no Céu e na Terra Aleluia Piriquita!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Travar os gatunos em Northampton!



Meus queridos,
Como devem ter visto hoje nas notícias, tenho estado a gastar os últimos cêntimos da minha pensão para viajar pelo mundo e meter silicona nos meus peitos, razão pela qual não tenho tido tempo para partilhar convosco as minhas desventuras.
No entanto, deixo aqui convosco este vídeo.
Ora, como podem verificar, estava eu a passear em Northampton quando vejo aqueles gatunos a assaltar a joalharia! Pois eu sei muito bem aquilo porque os joalheiros passam, porque já trabalhei num sítio desses, nos primeiros anos em que vivi em Lisboa. Estamos nós, na loja, a resistir à tentação, com aquele ouro todo à nossa volta, a contrariar os nossos instintos para não sorripiar um único anel de diamante e, volta na volta, aparece sempre algum gatuno a tentar estragar tudo!
Pois eu digo que isso é frustrante para quem lá trabalha! Se os empregados não podem meter nada para o bolso, os dorgados também não!
Assim, ao ver aquela ladruagem, decidi correr em auxílio dos que não faziam nada para prevenir aquela injustiça, e toca de arrear neles! Dei cabo daquela vadiagem toda! Aquilo é que foi vê-los a berrar pela Nossa-Senhora dos Aflitos!

Com a Antonieta ninguém se mete, ou não me chamo
Antonieta de Jesus Cristo-Rei no Céu e na Terra Aleluia Piriquita!

Beijinhos a todos! Espero mandar-vos mais uns postais em breve!