segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O Meu Primeiro Casamento - A Fatídica História de Frederico Rodrigo


Esta manhã, quando apanhei o autocarro para ir aos correios, um homem exibiu-se à minha frente e fez-me recordar o meu primeiro marido. É verdade, meus queridos, a dona Antonieta teve dois maridos. E não se preocupem em relação ao exibicionista. Eu ensinei-lhe das boas. Não volta a mostrar o coisinho dele tão depressa.

O meu primeiro marido chamava-se Frederico Rodrigo e era o homem mais elegante que eu alguma vez vira na minha vida. Musculado, transpirado, ele trabalhava na quinta dos meus pais, como lenhador. Ele rachava lenha todo o santo dia com o seu machado. Quando eu acabava as minhas tarefas em casa, ia para o campo e podia ficar a observá-lo por trás de um sobreiro durante horas.

Um dia, numa das festas da minha aldeia, Casal da Desgraça, o Frederico Rodrigo abordou-me com a sua voz grave e turbulenta como uma tempestade e levou-me para a pista de dança. Oh! E ele agarrou-me como um homem. Nessa noite, fez-me o meu primeiro filho.

Segredou-me os seus segredos e sonhos, enquanto estávamos deitados num monte de feno, nus como Deus nos fez. Enquanto me cantava as músicas que ele próprio tinha escrito enquanto rachava lenha, a minha mente voou e eu fiquei nas nuvens. Frederico Rodrigo era o homem da minha vida e iria ser uma estrela.

Claro que quando percebemos que eu estava de esperanças, os nossos pais obrigaram-nos a casar. O que para mim foi como um sonho, para ele foi um pesadelo. Frederico Rodrigo teria que continuar a trabalhar como um boi para sustentar a sua família e não havia nada que ele pudesse fazer em relação aos seus sonhos.

Quando a criatura que eu tinha dentro de mim estava quase a nascer, Frederico Rodrigo teve um acidente de trabalho. Enquanto rachava lenha, o machado escorregou-lhe das mãos, deu uma pirueta no ar e enterrou-se nas suas costas. Foi no mesmo dia em que descobri que ele namorava com a Maria do Canto às escondidas, atrás da Capelinha de Nossa Senhora das Dores.

Tive duas semanas para descobrir um novo pai para o meu bebé. Foi então que conheci o Arnaldo. Um homem sensato, com um coração do tamanho do mundo, que trabalhava em Lisboa. Fomos felizes até ao dia em que ele teve aquele triste acidente. Deus o guarde para sempre.

Que Deus vos acompanhe, na Paz do Senhor.

Antonieta de Jesus Cristo-Rei no Céu e na Terra Aleluia Piriquita!

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