quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Caloiros nos meus Crisântemos!


Há um ano atrás, fui até à universidade e, após passar por entre toda aquela juventude perdida, fui fazer a minha queixa:

«Estou farta de ter caloiros nos meus crisântemos! E a culpa é vossa! Praxam-nos tanto que se vão esconder nos meus canteiros! Parece uma praga de gafanhotos!»

Ao que me responderam:

«Não se preocupe, Dona Antonieta. Vamos já falar com a Associação de Estudantes e a situação para o ano não se torna a repetir.»

Indignadíssima, virei-lhes costas e saí de rompante daquela escola. Mas não sem antes chutar dois rapazolas no rabo! As mães deviam ensiná-los a meter as camisas para dentro e a fazer a barba! Parecem bandidos!

Este ano não se esconderam nos meus crisântemos, mas foram todos para o relvado que fica do outro lado da rua. Todo o santo dia a praguejar e a fazer barulho. Pedi ao Sr. Abílio para os ir enchutar de lá para fora, mas o homem, que sempre foi muito cobarde, graças à mãe dele que bebia aguardente quando estava emprenhada, ficou quieto a olhar para aqueles futuros doutores engravatadinhos a mandar as crianças rebolar pela relva. Duas horas que ele ficou parado, de braços cruzados, a olhar para eles!

Então, decidi tratar daquela praga como os ingleses quando chegaram à Austrália: com outra praga! Fui à casa da Josefa, que desde que foi para o Brasil nunca mais foi lavada, e enchi um frasco de compota com centenas de bichos, todos muito pequenos! Sei que havia pulgas, pequenas aranhas, lacraus, caruncho, borboletas, tantos tantos mosquitos e criaturas que eu nunca vi na minha vida! Só sei que eram tantos que encheram o frasco até ao cruto!

Peguei então no Matias e disse-lhe:

«Gato malvado, não me arranhes! Deixa-me pôr-te a coleira!»

E lá fomos nós, passeando pela relva e, sem querer, deixei cair o frasco aberto no meio daquela gente toda e fomo-nos embora... Só me apercebi que não tinha o frasco quando cheguei a casa...

No dia seguinte, passei pela escola para deixar uma tarte que eu fiz para a Associação de Estudantes. Há anos que não me sentia tão satisfeita. Não bati em nenhum rapazola. Caminhei por entre eles, toda sorrisos, enquanto os via coçarem-se! Ainda disse a duas rapariguinhas que aquelas papas que elas tinham nas pernas só desapareciam com azeite e óleo de amêndoas doces! Amêndoas doces!!! Ai, Meu Deus! Sei que pequei, mas soube-me tão bem! Já não me ria assim... Sei lá aos anos! Desde que o meu marido faleceu!

Com a Antonieta ninguém se mete!

Sinceramente,

Antonieta de Jesus Cristo-Rei no Céu e na Terra Aleluia Piriquita!

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