sábado, 16 de janeiro de 2010

Festas! O meu Réveillon 2010!

Como já vos disse na semana passada, as minhas últimas semanas de 2009 foram muito desgastantes. Ainda estou a recuperar. Nem sei como é que me aguentei de pé. Estive quase para pedir uma bengala pelo Natal, mas no meu íntimo desejava ainda mais que me dessem uma camisa de seda igual à da Celeste, pelo que me deixei ficar calada. Erro meu! Deram-me naprons franceses, toalhas de banho de linho egípcio, jarras de cristal para as flores dos meus canteiros! E tudo o que eu queria era uma camisa de seda como a da Celeste! Até parece que é muito difícil comprar prendas para senhoras da minha idade...
Depois do Natal, o meu querido neto Ricardo (o único que eu não consegui casar porque foi enfeitiçado por uma bruxa africana, com quem se casou e teve dois meninos mestiços, para tão grande desgosto da minha pessoa) convidou-me a ir passar o resto da semana seguinte para casa dele, para que aqueles meus bisnetos escurinhos ficassem a conhecer melhor a bisavó.
Uma semana infernal! As criaturinhas, a Anita e o Leo, de quatro e sete anos, estavam sempre a brincar aos soldados, com armas de plástico e espadas! Depois, pediam-me para eu brincar com eles. E eu até brincava, ria quase até chorar de tanto me divertir, mas era só porque eles me pediam! Tratavam-me por Avó Piriquita e adoravam os bolos que eu lhes fazia todos os dias. Fiquei a conhecer melhor a bruxeza, também, que se chama Naima-Qualquer-Coisa-Ding-Dong, que nunca queria que eu me cansasse a tentar arrumar-lhe a casa. Ela tratava de tudo! Trabalhava até às quatro da tarde e quando chegava a casa, arrumava, varria, lavava... Tudo, tudo, tudo, em menos de duas horas. Depois, acalmava os filhotes, metia-os a ler (e deviam ver a mais pequenina que ainda nem anda na escola e já lê tão bem), conversava comigo durante meia-hora e ia para a cozinha fazer o jantar para nós todos. Impressionante! Eu ainda tentava ensiná-la a cozinhar à minha maneira, mas ela enviava-me para a minha poltrona na sala e dizia que eu era a convidada e devia descansar... Não admira que antigamente fossem tão bons escravos! A mulher trabalha que se desalma! O meu neto Ricardo, se calhar, até nem fez muito mal em casar-se com aquela alma das Áfricas... Apesar de tudo, era uma mulher quase perfeita. Mas eu tenho a certeza que lhe conseguia arranjar uma mulher melhor!
Finalmente, chegou o fim do ano e eu já tremia que nem varas verdes, com medo do que podia acontecer à meia-noite, com aquele fogo de artifício e tudo... A família reuniu-se toda, outra vez, trouxeram champagne, doces, marisco (outra vez a minha nora a tentar matar-me, por causa da minha alergia ao marisco), lombo de porco e tantas, tantas iguarias, Meu Deus! Olhasse fosse para que lado fosse, ou via pessoas, ou via comida! Eram tantas gargalhadas, gritos, gente a falar alto e música aos berros! Nunca vi nada assim! O meu Arnaldo podia ter gostado de uma coisa destas, se ainda estivesse vivo, Deus tenha a sua alma em repouso. Contudo, para mim aquilo era uma barulheira que me punha a cabeça em frangalhos! E de repente...
PUM! PUM!
Começaram a rebentar bombas na rua, assim, do nada! Toda a gente a gritar e a correr para a rua e as criancinhas em pânico eram as que fugiam mais depressa! Tínhamos acabado de entrar em 2010 e dos meus olhos escorriam lágrimas de pesar pelas nossas vidas que tinham chegado ao fim! Não podia acreditar que era assim que ia ser a minha morte! E então pensei: «Antonieta Piriquita, acalma-te. Pelo menos assim não ficas sozinha no Céu, à espera do resto da família. Vão todos juntos, de uma só vez!» E comecei logo a sorrir.
Quando me levaram lá para fora, toda a gente bebia champanhe e abraçava-se e depois davam-me beijinhos a dizer: «Coitadinha da avó, está a chorar de alegria!» E era verdade, estava. Mas como nunca mais morriamos, olhei para o céu, para ver se as bombas ainda estavam muito longe, e foi aí que me apercebi que era só o fogo de artifício. Aí, fiquei brava! Os meus filhos tiveram que me agarrar! Eu queria matar os filhos da mãe que estavam a lançar os foguetes! Quase me tinham matado de susto! Eu tinha sido enganada!
Depois, sentaram-me numa cadeira, deram-me uns copos de champanhe para eu me acalmar e passas para eu não beber aquilo sem nada no bucho e a noite acabou por se tornar maravilhosa. Ficou tudo mais calmo e lento e eu fiquei toda relachada e descontraída. Fazia muito frio, na rua, mas eu até que estava cheia de calor e meti-me a dançar com os meus bisnetos... 2009 foi horrível e 2010 começou ainda pior. Todavia, Deus escreve torto por linhas direitas, e tudo se compôs com uns copos de champanhe. Foi uma maravilha e este ano adivinha-se cheio de surpresas.
Uma vez mais, Feliz 2010, meus queridos amigos que eu não conheço. Que Nosso Senhor vos guarde na sua infinita... Hip!... Qualquer coisa!
Sinceramente,
Antonieta de Jesus Cristo-Rei no Céu e na Terra Aleluia Piriquita!

2 comentários:

  1. Mas que Réveillon espectacular. Muito engraçada a história.

    Espero que o Reveillon 2011 seja ainda melhor! :)

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  2. Também eu espero, meus queridos, se conseguir chegar lá... A idade não perdoa... Mas ando a beber uns copinhos de vinho do Porto, que ao que parece faz milagres e dá anos de vida. Aconselho vivamente a quem não quer morrer novo.

    Ai, só digo tonteiras... Não liguem a esta pobre velha...

    Muito obrigada pelo vosso comentário!

    Fiquem com Deus, na Paz do Senhor...

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Falem com a Dona Antonieta. Ideias, críticas, dúvidas existênciais... A Dona Antonieta terá todo o prazer em responder...
Mas sem palavrões! Nada de ofender o Senhor!
Beijinhos, meus queridos.