quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O Matias, a X-Box e o Fantasma...

Meus queridos, já não sei o que fazer. O Matias zangou-se comigo. Eu devia tê-lo levado comigo para o Réveillon. Porém, em vez disso, pensei que ele se ia divertir mais com os amigos e soltei-o. Claro que, como só voltei passados alguns dias, o gato já cospia fogo pelas ventas e estava incrivelmente revoltado comigo. Nunca mais me falou. Dei-lhe pasta de atum, os camarões que roubei à minha nora, até lhe comprei fígado, que o bichano tanto adora. E nada! Nada o fez voltar a ser como era!
Assim, um dia desta semana, a Celeste disse-me que tinha comprado uma daquelas consolas barulhentas para os netos. Aquelas pestes são horríveis! Horríveis! Só vão ter com a avó pelos anos e pelo Natal! Parecem ter saído da minha família... Mas ela continuou a história, e ao que parece ela ofereceu-lhes essa coisa ruidosa para eles ficarem especados à frente da televisão como se fossem uns tontinhos, mas na condição de esta ficar lá em casa dela. A partir daí, todos os dias, depois da escola, as pestinhas vão para casa da avó. Ao início nem lhe ligavam, mas como ela lhes foi preparando uns lanches e uns bolinhos (aquela mulher faz uns bolos quase melhores que os meus... quase!) agora a avó é quase a melhor amiga deles.
Decidi, então, usar a mesma estratégia. Comprei uma consola para o Matias! Mas até agora parece não estar a surtir efeito. Já comecei a mexer naquilo, a ver se lhe faço inveja, mas sou muito má com estas coisas, e o gato continua a ignorar-me.
Entretanto, como o Matias já não dorme comigo e não adormeço com o ronronar dele aos meus ouvidos, comecei a ouvir os ruídos mais estranhos durante a noite. São de arrepiar. Começava por sentir uma presença, apenas, mas pensei que fosse tudo da minha imaginação. Nos dias seguintes, foram os afrontamentos! Credo! Tanto calor! Insuportável. Transpirava-me toda, até tinha que despir a combinação que ficava toda ensopada em suor. Finalmente, de há uma semana para cá, vieram os suspiros. Meu Deus! Se fosse uma galinha, tinha largado um ovo no preciso momento em que ouvi aquilo pela primeira vez! Que susto! Nossa Senhora dos Aflitos nos proteja a todos de uma presença que suspire daquela maneira no nosso quarto!
Decidi contar essa história à minha Olívia, ante-ontem, quando ela veio cá surripiar-me o almoço, porque parece que se zangou com a fufa Diana, com quem já andava a almoçar todos os dias... Valha-nos Deus! Pode ser que a coisa lhe passe e o Demo abandone aquele corpo!
Continuando, a minha neta, toda miserável e chorosa por causa da amiga traidora (ela não mo disse, mas eu sei que foi por isso. Aquelas lágrimas não enganam ninguém. Parece uma porquinha toda inchada e ranhosa quando está desgostosa de amores), disse-me que a melhor maneira de ver se havia alguém a assombrar-me o quarto era dar-me uma máquina fotográfica, para eu apanhar a Besta em flagrante quando começasse a perturbar-me o sono! Claro! O que ela estava à espera era que eu fotografasse a parede ou o tecto e pronto - a avózinha anda a ouvir coisas. Vamos interná-la e fazer as partilhas.
Mas não! Adormeci com a máquina fotográfica nas mãos e quando ouvi aquele sussurro outra vez, saquei do aparelho e Zás! Apanhei a criatura demoníaca mesmo a olhar para mim. Meu Deus! Os arrepios que me dá! Tenho uma aparição nua no meu quarto a assombrar-me os sonhos! Nossa Senhora dos Aflitos me proteja, que já não sei aguento mais destes afrontamentos...

Sinceramente,
Antonieta de Jesus Cristo-Rei no Céu e na Terra Aleluia Piriquita!

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Beijinhos, meus queridos.